Apreender alguns conceitos-chave relativos ao impacto de situações de perdas e luto na contemporaneidade, verificando suas implicações na atuação do profissional de saúde em diferentes contextos de atuação.
Contribuir para a reflexão crítica do aluno frente à necessidade de desenvolver uma fundamentação científica rigorosa para a pesquisa e a atuação profissional nos diferentes cenários de saúde que envolvem perdas e lutos, incentivando o desenvolvimento de produções acadêmicas e práticas baseadas em evidências científicas.
Desenvolver habilidades e competências para o planejamento de intervenções pautadas em boas práticas, do ponto de vista ético e humanizado, no cuidado de pessoas enlutadas, considerando a diversidade social, cultural e religiosa.
Explorar estratégias e técnicas de manejo clínico do luto, incluindo abordagens psicoterapêuticas e intervenções interdisciplinares.
A vivência de perdas e lutos é inerente à experiência humana e se manifesta sob diferentes configurações de demandas nos mais diversos contextos da saúde. Além da morte concreta, que envolve o falecimento de um ente querido, existem as chamadas "mortes simbólicas", relacionadas a rupturas significativas, como diagnósticos de doenças graves, limitações físicas, perdas de vínculos afetivos, mudanças radicais na vida e no projeto existencial. O impacto dessas experiências pode gerar sofrimento psíquico significativo, exigindo dos profissionais de saúde uma abordagem qualificada e sensível para oferecer suporte adequado aos indivíduos e famílias enlutadas. Nesse cenário, é crucial discutir os princípios e fundamentos teórico-metodológicos que podem subsidiar pesquisas e propostas de intervenções nesse campo.
Diante disso, a disciplina busca aprofundar o conhecimento sobre os processos de luto, suas manifestações emocionais, psicológicas e sociais, bem como suas implicações clínicas e éticas no atendimento às demandas de pacientes, cuidadores familiares e profissionais de saúde em diferentes contextos. O estudo do luto na contemporaneidade envolve não apenas a compreensão de suas etapas e dinâmicas, mas também a reflexão crítica sobre as transformações culturais e sociais que impactam a vivência da perda e abem caminho para sua adequada resolução ou perpetuação do sofrimento.
Ao fornecer uma base teórica e prática consistente, esta disciplina contribui para a formação de pesquisadores e profissionais mais preparados para acolher, compreender e intervir junto a indivíduos e grupos enlutados, promovendo um cuidado humanizado e embasado cientificamente.
1. Evolução histórica da morte e do processo de enlutamento
2. Teorias sobre o enlutamento
3. Conhecendo e facilitando os processos de lutos simbólicos
4. Comunicação de má noticia
5. Sofrimento psicológico do profissional no cenário dos enlutamentos
6. Comportamento suicida e atuação profissional
7. Cuidados paliativos e prática clinica
8. Cuidados de final de vida
9. Morte, luto e fatores políticos e sociais
Ementa:
A disciplina aborda o enlutamento sob diferentes perspectivas teóricas e metodológicas, considerando tanto as perdas concretas quanto as simbólicas. O luto será analisado em seus aspectos psicológicos, sociais, culturais, espirituais, econômicos e políticos, ampliando a compreensão do impacto das perdas na contemporaneidade. Além do contexto da saúde, serão exploradas situações de luto em outros âmbitos da vida, com ênfase no papel do profissional de saúde na promoção do acolhimento e do cuidado. A disciplina será desenvolvida por meio de palestras, seminários, estudos de caso e debates reflexivos, incentivando o pensamento crítico e a aplicação dos conhecimentos na prática profissional. Ao longo do curso, os alunos deverão produzir um ensaio analítico sobre os temas discutidos, demonstrando sua compreensão crítica e sua capacidade de teoria articular e prática na abordagem do luto e das perdas em diferentes contextos.
Butler, J. (2023). Quadros de guerra: Quando a vida é passível de luto? (S. Lamarão & A. M. Cunha, Trad.). Civilização Brasileira. (Trabalho original publicado em 2009).
Kovács, M. J. (1992). Morte e desenvolvimento humano. Casa do Psicólogo.
Kübler-Ross, E. (1994). Sobre a morte e o morrer: o que os doentes terminais têm para ensinar a médicos, enfermeiras, religiosos e aos seus próprios parentes (P. Menezes, Trad.). Martins Fontes.
Parkes, C. M. (1998). Luto: Estudos sobre a perda na vida adulta. Summus.
Camilo, B. H. N., Serafim, T. C., Salim, N. R., Andreato, Á. M. O., Roveri, J. R., & Misko, M. D. (2022). Communication of bad news in the context of neonatal palliative care: Experience of intensivist nurses. Revista Gaúcha de Enfermagem, 43, e20210040. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2022.20210040
Ferracioli, N. G. M., Rodrigues, E. C. G., & Santos, M. A. (2023). Bittersweet transformative experiences in professionals working with suicidal patients: A meta-synthesis. Brazilian Journal of Psychiatry, 45(1), 62-70. https://doi.org/10.47626/1516-4446-2022-2617
Fiore, J. (2019). Uma revisão sistemática do modelo de processo dual de enfrentamento do luto (1999–2016). OMEGA: Journal of Death and Dying, 84(2), 414-458. https://doi.org/10.1177/0030222819893139
Mesquita, M. G. D. R., Silva, A. E., Coelho, L. P., Martins, M. R., Souza, M. T., & Trotte, L. A. C. (2023). Slum compassionate community: Expanding access to palliative care in Brazil. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 57, e20220432. https://doi.org/10.1590/1980-220X-REEUSP-2022-0432en
Oliveira-Cardoso, E. A. O., Silva, B. C. A. D., Santos, J. H. D., Lotério, L. D. S., Accoroni, A. G., & Santos, M. A. (2020). The effect of suppressing funeral rituals during the COVID-19 pandemic on bereaved families. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 28, e3361. https://doi.org/10.1590/1518-8345.4519.3361
Oliveira-Cardoso, E. A., Sola, P. P. B., Santos, J. H. C., Garcia, J. T., Buson, A. C. C., Lotério, L. S., & Santos, M. A. (2023). Estágio profissional no contexto do enlutamento no serviço-escola de uma universidade pública. Revista Brasileira de Psicoterapia, 25, 85-101. https://doi.org/10.5935/2318-0404.20230018
Queiros, H. C. R., Santos, J. H. C., Santos, M. A., & Oliveira-Cardoso, E. A. (2023). Compreensões do conceito de morte em crianças da periferia de uma metrópole. Mosaico: Revista Multidisciplinar de Humanidades, 14(1), 56-66. https://doi.org/10.21727/rm.v14i3.4029
Sousa, I. T. E., Cruz, C. T., Soares, L. C. D. C., van Leeuwen, G., & Garros, D. (2023). End-of-life care in Brazilian Pediatric Intensive Care Units. Jornal de Pediatria, 99(4), 341-347. https://doi.org/10.1016/j.jped.2023.02.003
Sola, P. P. B., Santos, M. A., & Oliveira-Cardoso, E. A. (2024). Emotional suffering after the COVID-19 pandemic: Grieving the loss of family members in Brazil. International Journal of Environmental Research and Public Health, 21, 1398. https://doi.org/10.3390/ijerph21111398
Stroebe, M., & Schut, H. (1999). The dual process model of coping with bereavement: Rationale and description. Death Studies, 23(3), 197-224. https://doi.org/10.1080/ 074811899201046
Vide Campo Observação
Forma de avaliação:
O aproveitamento do aluno será avaliado mediante de dois procedimentos, a saber:
a) Elaboração de um trabalho individual, contendo as reflexões elaboradas pelo aluno acerca dos fundamentos teóricos discutidos no curso (60%);
b) Participação em seminário teórico (individual ou em grupo) versando sobre tópicos da disciplina (40%). Os temas a serem abordados serão previamente definidos junto ao docente.
A nota final será a média ponderada das notas obtidas nos itens 1 e 2. Essa nota final seguirá as seguintes equivalências:
O conceito A equivale a nota final de 9,0 a 10,0
O conceito B equivale a nota final de 7,0 a 8,9
O conceito C equivale a nota final de 5,0 a 6,9
O conceito R equivale a nota final de 0 a 4,9
Disciplina presencial.