Introdução à Pesquisa Empírico Fenomenológica em Psicologia: Objeto, Entrevista e Análise Intencional

5945154-1
Pós-Graduação

Origem:

Psicologia
Psicologia: Processos Culturais e Subjetivação

Vigência

06/07/2017
06/07/2017
2017-06-29 00:00:00

Carga Horária

1 horas
2 horas
2 horas
60 horas
4
12 semanas

Responsável:

Cristiano Roque Antunes Barreira
06/07/2017
07/07/2017
06/07/2017
29/06/2017



O objetivo desta disciplina é introduzir o pós-graduando à pesquisa empírico-fenomenológica em psicologia, capacitando-o a problematizar e delinear seu Objeto, a entrevista e análise fenomenológicas, familiarizando-o com os rudimentos desta perspectiva de pesquisa qualitativa.


Entre as diferentes perspectivas de pesquisa qualitativa, na última década, a perspectiva fenomenológica tem desenvolvido intensamente seus recursos conceituais e operacionais. Em Psicologia, essa perspectiva possibilita o estudo e a compreensão da experiência humana em sua especificidade, o que abrange mutuamente a dimensão existencial e cultural das vivências próprias a processos de subjetivação. Com uma produção difusa e diversificada do ponto de vista de sua fundamentação filosófica, a influência fenomenológica na psicologia tem demarcado o seu diferencial na área, tanto no campo da pesquisa quanto nas perspectivas práticas que dela derivam. Isto se ilustra com a crescente publicação de livros e artigos em periódicos especializados, bem como pela realização de inúmeros eventos científico-acadêmicos articulando Psicologia e Fenomenologia.
Fundada por Edmund Husserl (1859-1938), a fenomenologia deflagrou diversas derivações, entre as quais as mais conhecidas no campo psicológico são as abordagens existenciais. Em outra direção, fiel ao método das reduções desenvolvido a partir de sua fundação, a fenomenologia clássica encontra em Husserl e em Edith Stein (1890-1943) os expoentes de uma perspectiva em psicologia, cujo traço característico é o rigor da análise intencional, visando uma apreensão qualitativa precisa dos fenômenos que os encaminham ao território das vivências. A partir do resgate e do estudo dos manuscritos de Edmund Husserl não publicados em vida, assim como da obra de Edith Stein, especialmente com referência ao tema da empatia, a pesquisa empírico-fenomenológica tem se re-atualizado. Em todo seu conjunto, alguns momentos centrais desse tipo de investigação merecem destaque: 1. A problematização do Objeto; 2. A entrevista e o processo intersubjetivo entre escuta suspensiva e fala secundária/primária (autêntica); 3. A análise com o cruzamento intencional. A comparação entre os procedimentos delineados nas primeiras e nas últimas décadas de investigação na perspectiva, com efeito, possibilita frisar o impacto da passagem da fenomenologia estática à fenomenologia genética junto aos recursos operacionais de pesquisa empírica. Para tanto, o enfoque prático das entrevistas e análises intencionais orientará parte considerável das aulas da disciplina, a fim de instrumentalizar os alunos quanto aos rudimentos de sua aplicação.


1. A consciência intencional segundo Edmund Husserl.
2. A empatia segundo Edith Stein.
3. A fenomenologia nos procedimentos em Pesquisa Qualitativa.
4. Problematização e delineamento do Objeto de experiência vivencial na Pesquisa.
5. A entrevista e o processo intersubjetivo entre escuta suspensiva e fala secundária/primária (autêntica).
6. O processo de análise de entrevistas e o cruzamento intencional.


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Vide Campo Observação


Forma de avaliação: Os alunos serão avaliados mediante Seminário Temático referente a conteúdo da disciplina e Trabalho Escrito, cada um compondo metade da nota final, cuja média para aprovação deve ser igual ou superior a 50%.
12 semanas é a duração com aulas efetivamente ocorridas. Havendo previsão de semanas em que não ocorrerão aulas – em virtude de eventos acadêmicos ou feriados – o período total de duração da disciplina se estende por mais tempo.

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