Propiciar o entendimento do Paradigma Life Design para compreender a construção da carreira no século XXI.
Examinar as bases teóricas e empíricas do Paradigma Life Design para a investigação e a prática profissional no domínio da Carreira.
Mapear as pesquisas sobre o Paradigma Life Design: metodologias, desenho de investigação, rational de investigação e principais achados.
No domínio da Orientação Profissional e de Carreira, o Século XX foi marcado por carreiras e relações de trabalho mais estáveis, principalmente em países centrais. Neste cenário, vigoraram padrões pré-determinados nos quais os indivíduos poderiam fazer escolhas que lhe eram mais convenientes. Já no Século XXI, com o rápido desenvolvimento da sociedade e das tecnologias, com novos contratos sociais, perspectivas profissionais menos previsíveis e com transições mais frequentes e complexas, o trabalhador tornou-se um aprendiz permanente, que precisa assumir flexibilidade ao invés de estabilidade, manter sua trabalhabilidade e criar suas próprias oportunidades.
Observa-se, portanto, a necessidade de novas teorias de Orientação de Carreira para se compreender o comportamento vocacional e as mudanças no mundo do trabalho no século XXI. Assim, o esgotamento dos modelos do século XX levou um grupo de especialistas de diferentes países a examinar a validade transnacional das teorias e técnicas no domínio da Carreira, constituindo uma equipe de trabalho denominada Life Design International Research Group. A publicação, em 2009, de Savickas, M., Nota, L., Rossier, J., Dauwalder, J-P., Duarte, M. E., Guichard, J., Soresi, S., Van Esbroeck, R., & Van Vianen, A. entrou no ranking top ten dos artigos mais lidos e citados em 2010. Foi traduzido e publicado em mais de 10 países, incluindo a divulgação no Brasil. Por si só, a referida publicação revela o impacto e a importância do novo paradigma, não só para a investigação em orientação e aconselhamento de carreira, mas também para a intervenção e a prática. Um grupo de investigadores brasileiros tem dedicado uma parte das suas pesquisas ao estudo do paradigma Life Design, que se consubstancia na apresentação de comunicações em congressos e de publicações nacionais e internacionais. O grupo inclui docentes da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade São Francisco (USF). Este grupo, juntamente com outros profissionais, tem demonstrado interesse em aprender sobre o uso desse paradigma em pesquisas e intervenções. Significa que o Brasil se coloca em parceira com as melhores práticas, metodologias e intervenções que estão sendo desenvolvidas em diferentes partes do mundo.
O paradigma Life Design contribui para a implementação de procedimentos de intervenção, objetivando: a adaptabilidade, a narrabilidade e a realização de atividades significativas. A adaptabilidade (mudança com flexibilidade), possibilita a compreensão dos recursos que a pessoa utiliza para antecipar e enfrentar mudanças, bem como realizar suas expectativas de carreira. Os cinco Cs da adaptabilidade de carreira são: concern, control, curiosity, confidence e commitment. A narrabilidade (continuidade, fidelidade a si mesmo) possibilita a articulação de temas de vida, na forma de narrativas em diferentes processos de construção de si (formas identitárias), tornando explícitos os papéis e domínios de vida (do passado e do presente). A narrabilidade possibilita verificar se a pessoa utiliza tais conhecimentos de forma prospectiva. Por sua vez, a realização de atividades significativas, vai além do discurso, pois visa identificar a postura ativa de realizar concretamente os planos e projetos elaborados no âmbito das ideias, como a pessoa se envolve em atividades que contribuem com a realização de um plano de vida.
Ofertar uma disciplina construída em torno deste paradigma, no Programa de Pós-Graduação em Psicologia, justifica-se por um conjunto variado de razões. A primeira é reafirmar a posição do Brasil como um dos países pioneiros na investigação em orientação e aconselhamento, enquadrando o paradigma Life Design nos contextos de investigação que se pratica na contemporaneidade. A segunda objetiva proporcionar aprendizagens inovadoras aos alunos da Pós-graduação em Psicologia, também, sobre suas próprias carreiras. A terceira visa estimular investigações que avaliem práticas de intervenção adequadas aos contextos e realidades brasileiras.
PARTE I: Construção da carreira no paradigma Life Design
1. Histórico do campo do Aconselhamento de Carreira e do Life Design.
2. Modelos de serviços de OP e Níveis de intervenção
3. Dos contextos educativos e formativos ao mundo do trabalho: implicações para a construção de carreira.
4. Da Orientação Vocacional e Aconselhamento de Carreira para os diálogos Life Design.
5. Dinâmicas em Desenvolvimento de Carreira: perspectivas pessoais e organizacionais
6. O paradigma Life Design: da prática à teoria
7. Trajetórias vocacionais e múltiplas identidades das pessoas
8. Das narrativas para a ação e o paradigma Life Design
PARTE II. Modalidades de intervenção no paradigma Life Design
1. Estratégia de intervenção: Minha história de carreira (MHC)
2. Escala de Adaptabilidade de Carreira - Career Adapt-Abilities Scale (CAAS)
3. Life Design Counseling: Intervenção com grupo de adolescentes
4. Life Design Counseling: Intervenção com universitários
5. Life Design Counseling: Intervenção com trabalhadores informais
6. Life Design: Intervenção de carreira em organizações
7. Minha história de Carreira como estratégia de aconselhamento no contexto educacional
PARTE III. Investigações sobre a teoria, os instrumentos e as práticas
1. Desenvolvimentos empíricos na teoria da construção de carreira
2. Teoria da construção de carreira: ferramentas, intervenções e tendências futuras
3. Projetos de pesquisa sobre construção de carreira em países em desenvolvimento
4. Importância do estudo das construções de carreira de adultos/as emergentes e agenda de pesquisas para a orientação profissional e de carreira.
Chhabra, M, Ribeiro, M. A. & Rossier, J. (2022). Introduction to the special section: life design interventions (counseling, guidance, education) for decent work and sustainable development. International Journal For Educational And Vocational Guidance, v. 3, p. 1-3. https://doi.org/10.1007/s10775-022-09549-9
Duarte, M. E. (2013). A vida da orientação na vida do século XXI: constrangimentos e desafios. Revista Brasileira de Orientação Profissional 14(2). https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-33902013000200002
Duarte, M. E., Lassance. M. C., Savickas, M., Nota, L., Rossier, J., Dauwalder, J-P., Guichard, J., Soresi, S., Van Esbroeck, R., & Van Vianen, A. (2010). A Construção da vida: um novo paradigma para entender a carreira no século XXI. Revista Interamericana de Psicologia, 44(2), 392- 406. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=28420641020
Duarte, M. E., Soares, C., Fraga, S., Rafael, M., Lima, R., Paredes, I., Agostinho, R., & Djaló, A. (2012). Career Adapt-Abilities Scale- Portugal Form: Psychometric properties and relationships to employment status. Journal of Vocational Behavior, 80, 725-729. https://doi.org/10.1016/j.vb.2012.01.019
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Savickas, M. L. (2023). Teoria da construção da carreira [livro eletrônico]: retratos da vida de apego, adaptabilidade e identidade. [tradução Claudia Sampaio Corrêa da Silva, Maria Célia Pacheco Lassance, Maria Eduarda Duarte]. Porto Alegre, RS. Ed do Autor, pdf. Disponível em: Savickas-2019-TCC.pdf
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REVISTA PORTUGUESA DE PSICOLOGIA, número 42, ano 2010/2011. https://doi.org/10.21631/rpp42
JOURNAL OF VOCATIONAL BEHAVIOR, volume 111 - Edição especial
https://www.sciencedirect.com/journal/journal-of-vocational-behavior/vol/111
Vide Campo Obsrevação
Forma de avaliação:
1. Aula (ministração individual) – 5,0 pontos. Serão considerados indicadores para a avaliação neste quesito: qualidade da apresentação em termos didáticos, incluindo visual; clareza na apresentação do conteúdo; e estratégias para estimular a participação da turma. A atividade visa auxiliar no desenvolvimento de competências para a ministração de aula.
2. Esboço de um manuscrito sobre a revisão da literatura (grupo) – 5,0 pontos. Serão considerados indicadores para a avaliação neste quesito a presença das seções: resumo, introdução, métodos, resultados preliminares e referências. A atividade visa auxiliar no desenvolvimento de competências para a escrita científica, circunscrita às condições desta disciplina.
CONCEITOS QUE SERÃO ATRIBUÍDOS NA DISCIPLINA
A nota final será calculada pela soma das notas das duas formas de avaliação: Aula –individual– (50%) e Esboço de um manuscrito sobre a revisão da literatura –grupo– (50%). Essa nota final seguirá as seguintes equivalências:
O conceito A equivale a nota final de 9,0 a 10,0
O conceito B equivale a nota final de 7,0 a 8,9
O conceito C equivale a nota final de 5,0 a 6,9
O conceito R equivale a nota final de 0 a 4,9
Alunos especiais devem enviar carta de motivação às docentes.