Esta disciplina tem por objetivo geral discutir as contribuições do movimento construcionista social em Psicologia e suas implicações para a pesquisa e a prática em saúde. Especificamente, visa refletir sobre a construção do conhecimento em saúde, focalizando o processo de produção de sentidos nas práticas discursivas e suas implicações.
São objetivos dessa disciplina:
a) Apresentar a epistemologia construcionistas social, situando os principais autores nesse campo e suas diferenças;
c) Discutir a construção social do conhecimento em saúde;
d) Discutir a prática de pesquisa em saúde, priorizando a compreensão do processo de produção de sentidos nas práticas discursivas.
e) Apresentar a contribuição das práticas colaborativas e dialógicas para construção da pesquisa em saúde, com ênfase na relação pesquisador-participante.
A perspectiva construcionista social surge no campo das ciências humanas e sociais como uma alternativa às formas empiricistas de se conceber a ciência e os processos de produção de conhecimento. Informada por uma sensibilidade pós-moderna, a perspectiva construcionista social aponta o entrelaçamento entre realidade e discurso. Enfatiza, assim, as realidades conversacionais que são construídas pelas pessoas, em práticas discursivas corporificadas e situadas social, histórica e culturalmente. No campo da Psicologia, esta perspectiva tem contribuído com a ressignificação do processo de construção do conhecimento e de práticas em saúde. Essa disciplina busca contribuir com o fortalecimento desse campo de estudos no contexto brasileiro, apresentando ao estudante de pós-graduação as principais contribuições dessa abordagem para a pesquisa e prática em saúde.
Módulo I. Psicologia, Saúde e Construção Social
- O movimento construcionista social em Psicologia: história, pressupostos e desdobramentos
- O poder constitutivo da linguagem, a construção relacional do significado e o posicionamento histórico-cultural das descrições de realidade.
- A construção social do processo saúde-doença-cuidado;
Módulo II. Prática de pesquisa em saúde e construção social
- Produção de sentidos e práticas discursivas em saúde
- Dialogia e Reflexividade como recursos de investigação
- A poética social como prática de investigação
- Práticas colaborativas e pesquisa em saúde.
ANDERSON, H. Collaborative practice: a way of being with. Psychother Polit Int. v, 10, p.130-145, 2012.
ANDERSON, H. Collaborative dialogue based research as everyday practice: Questioning our myths. In: G. Simon & A. Chard. (Eds). Systemic Inquiry: Innovationin Reflexive Practice Research (p. 60-73). Farnhill. UK: Everything is connected. 2014.
BURR, V. An introduction to social construction ism. London: Routledge, 1995. 198p.
CUNLIFFE, A. L. Social poetics as management inquiry: a dialogical approach. Journal of Management Inquiry, London, v.11. n.2, p.128-146, 2002.
CUNLIFFE, A.L.; SCARATTI, G. Embedding Impact in Engaged Research: Developing Socially Useful Knowledge through Dialogical Sensemaking. British Journal of Management, v. 28, p. 29–44, 2017.
GERGEN, K. J. The social constructionist movement in modern psychology. American Psychologist, Washington D.C.,v.40, p.266-275, 1985.
GERGEN, K.J. From mirroring to world making: Research as future forming. Journal for the Theory of Social Behavior, v.45, n.3, p.287-310.
GUANAES-LORENZI, C. et.al. Construcionismo social: discurso, prática e produção de conhecimento. Rio de Janeiro: Instituto Noos, 2014.
GUANAES-LORENZI, C. Performing dialogism: my experience of dialogue with John Shotter. International Journal of Collaborative-Dialogic Practices, v. 27, p. 26-29, 2017.
HERON J.; REASON P. The practice of co-operative inquiry: research with rather than on people. Handbook of Action Research: Participative Inquiry and Practice. Edited by: Reason P, Bradbury H. 2001, London, UK: Sage Publishing House, 179-188.
IBAÑEZ, T. Como se puede no ser construccionista hoy en dia? In: IBAÑEZ, T. Psicologia social con struccionista. México: Universidad de Guadalajara, 2001, cap.6, p.245-257.
MCNAMEE, S.; HOSKING, D.M. Research and Social Change: A Relational Constructionist Approach. New York: Routledge, 2012.
NESS, O; BORG, M., SEMB, R.; BENGT, R. Walking along side: Collaborative practices in mental health and substance use care. International Journal of Mental Health Systems, v. 55., n.8, p.
RASERA, E. ; GUANAES-LORENZI, C.; CORRADI-WEBSTER, C.. Research as social practice: the researcher and the "other" in knowledge production. Athenea Digital, v. 16, p. 325, 2016.
SHEILA, M. Far from anything goes: ethcis as comnunally constructed. Journal of Constructivist Psychology, v.31, n. 4, p. 361-368, 2017.
SHOTTER, J. ‘Living Moments’ in dialogical exchanges. Human Systems, London, v.9, n.2, p. 81-93, 1998.
SHOTTER, J. (1996). ‘Living in a Wittgensteinian world: beyond theory to a poetics of practices’, Journal for the Theory of Social Behaviour, v. 26, pp. 293–311.
SHOTTER, J.; KATZ, A. M. Articulating a practice from within the practice itself: establishing formative dialogues by the use of a social poetics. Concepts and Transformation, Amsterdam, v.1, n. 2/3, p. 213-237, 1996.
SHOTTER, J. Undisciplining Social Science: Wittgenstein and the Art of Creating Situated Practices of Social Inquiry. Journal for the Theory of Social Behavior, v.46, n.1, p. 60-61, 2015.
SIMON, G. Eight criteria for quality in systemic practitioner research. Murmurations: Journal of Transformative Systemic Practice, v.1, n.2, p.40-63, 2018.
SPINK, M. J. P (Org) Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas.São Paulo: Cortez, 1999.
STRONG, T. Six orienting ideas for collaborative counsellors. Eur J Psychother Couns., v. 3, p. 25-32, 2000.
Artigos atuais, nacionais e internacionais, publicados recentemente em periódicos indexados serão adicionados à bibliografia.
Vide Campo Observação
A avaliação dos estudantes nesta disciplina será desenvolvida considerando pelo menos dois dos seguintes critérios:
a) Apresentações de trabalhos orais e/ou escritos;
b) Participação em seminários;
c) Desenvolvimento de estudo de articulação entre os pressupostos teórico-epistemológicos do construcionismo social e a prática de pesquisa do estudante.