Oferecer uma introdução à literatura sociológica sobre estratificação social e educacional. A disciplina abordará algumas das principais teorias ou hipóteses sociológicas sobre a relação entre origem social e alcance escolar. A discussão sobre essas perspectivas envolverá estudos que investigam a relação entre educação e desigualdades de classe, raça e gênero.
A área de estratificação social e educacional investiga os mecanismos que perpetuam ou alteram as desigualdades sociais por meio da escolarização. O estudo da estratificação social é parte importante da tradição sociológica, abrangendo autores Weber, Marx e Durkheim até as contribuições contemporâneas de autores como Pierre Bourdieu, Randall Collins, Samuel Lucas, John Goldthorpe e outros. Essa disciplina oferece a oportunidade de apresentar e discutir criticamente as perspectivas teóricas sobre a relação entre estratificação social e educacional a partir de evidências empíricas contemporâneas, abrangendo não apenas o eixo de classe para entender as desigualdades, mas também de gênero e raça, contextualizando esse debate teórico e empírico para a educação brasileira.
Literatura sobre estratificação social, mobilidade e desigualdades sociais e educacionais. Teorias da estratificação educacional: capital humano, credencialismo, teoria da escolha racional, reprodução social e hipóteses sobre manutenção das desigualdades sociais com expansão escolar. Estratificação de acordo com as desigualdades de classe, raça e gênero. Mecanismos institucionais escolares que contribuem para a reprodução das desigualdades.
Referências obrigatórias:
BELTRÃO, Kaizô Iwakami; ALVES, José Eustáquio Diniz. A reversão do hiato de gênero na educação brasileira no século XX. Cadernos de Pesquisa, v. 39, n. 136, p. 125-156, 2009.
BOUDON, Raymond. Os mecanismos geradores. In: BOUDON, Raymond. A desigualdade de oportunidades. Brasília: Editora UnB, 1981. p. 65-92.
BOURDIEU, Pierre. A Escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura. In: NOGUEIRA, Maria Alice; CATANI, Afrânio (org.). Escritos de Educação. Petrópolis: Vozes, 1998. p. 39-64.
BREEN, Richard; GOLDTHORPE, John H. Explaining educational differentials: Towards a formal rational action theory. Rationality and Society, v. 9, n. 3, p. 275-305, 1997.
CARVALHAES, Flavio; RIBEIRO, Carlos Antonio Costa. Estratificação horizontal da educação superior no Brasil: desigualdades de classe, gênero e raça em um contexto de expansão educacional. Tempo Social, v. 31, n. 1, p. 195-233, 2019. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2019.135035.
DAVIS, Kingsley; MOORE, Wilbert E. Alguns princípios de estratificação. In: BERTELLI, Antonio Roberto; PALMEIRA, Moacir G. S.; VELHO, Otávio G. C. A. (org.). Estrutura de classes e estratificação social. Rio de Janeiro: Zahar, 1969.
DUBET, François; DURU-BELLAT, Marie; VÉRÉTOUT, Antoine. As desigualdades escolares antes e depois da escola: organização escolar e influência dos diplomas. Sociologias, Porto Alegre, v. 14, n. 29, p. 22- 70, jan./abr. 2012.
LAREAU, Annette. A desigualdade invisível: o papel da classe social na criação dos filhos em famílias negras e brancas. Educação em Revista, p. 13-82, 2007.
LIMA, Márcia; PRATES, Ian. Desigualdades raciais no Brasil: um desafio persistente. In: ARRETCHE, Marta (org.). Trajetórias das desigualdades: como o Brasil mudou nos últimos cinquenta anos. São Paulo: Editora Unesp, 2015. p. 163-192.
MONT'ALVÃO, Arnaldo. A dimensão vertical e horizontal da estratificação educacional. Teoria e Cultura, v.
11, n. 1, p. 13-20, 2016.
MONT'ALVÃO, Arnaldo. Estratificação educacional no Brasil do século XXI. Dados, v. 54, n. 2, p. 389-430, 2011.
PICANÇO, Felícia; MORAIS, Juliana. Estudos sobre estratificação educacional: síntese dos principais argumentos e desdobramentos. Educação & Sociedade, v. 37, n. 135, p. 391-406, 2016.
Referências sugeridas:
ACKER, Joan. Women and social stratification: A case of intellectual sexism. American journal of sociology,
v. 78, n. 4, p. 936-945, 1973.
BLOSSFELD, Hans-Peter; SHAVIT, Yossi. Persisting Barriers: Changes in Educational Opportunities in Thirteen Countries. EUI Working Paper. 1991.
BOWLES, Samuel; GINTIS, Herbert. Promessas quebradas: reforma da escola em retrospectiva. In: BROOKE, Nigel; SOARES, José Francisco (org.). Pesquisa em eficácia escolar: origem e trajetórias. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008. p. 90-104.
BRITO, Murillo Marschner Alves de. Novas tendências ou velhas persistências? Modernização e expansão educacional no Brasil. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 47, n. 163, p. 224-263, mar. 2017.
ERIKSON, Robert; GOLDTHORPE, John H. Intergenerational inequality: A sociological perspective. Journal of Economic Perspectives, v. 16, n. 3, p. 31-44, 2002.
FERNANDES, Danielle Cireno. Estratificação Educacional, Origem Socioeconômica e Raça no Brasil: as Barreiras da Cor. Brasília: IPEA, 2004. (Prêmio IPEA 40 anos).
FERNANDES, Danielle Cireno; SALATA, André Ricardo; CARVALHAES, Flavio. Desigualdades e estratificação: analisando sociedades em mudança. Revista Brasileira de Sociologia, v. 5, n. 11, p. 30- 58, 2017.
HALLER, Archibald O. et al. (org.). O sistema de estratificação social brasileiro: pensando sistematicamente como a desigualdade funciona. Belo Horizonte: Fino Traço, 2014.
LAREAU, Annette; WEININGER, Elliot B. Cultural capital in educational research: A critical assessment.
Theory and society, v. 32, p. 567-606, 2003.
LUCAS, Samuel R. Effectively maintained inequality: education transitions, track mobility and social background effects. American Journal of Sociology, v. 106, n. 6, p. 1642-1690, 2001.
MARE, Robert D. Change and Stability in Educational Stratification. American Sociological Review, v. 46, n.
1, p. 72-87, 1981.
PAULA, Gustavo Bruno; NONATO, Brescia França; NOGUEIRA, Claudio Marques Martins. Ações afirmativas e estratificação horizontal: comparação entre bônus e Lei de Cotas na UFMG. Educação em Revista, v. 39, e37918, 2023.
PRATES, Antônio Augusto Pereira; COLLARES, Ana Cristina Murta. Desigualdade e expansão do ensino superior na sociedade contemporânea: o caso brasileiro do final do século XX ao princípio do século
XXI. Belo Horizonte: Fino Traço, 2014.
RAFTERY, Adrian E.; HOUT, Michael. Maximally Maintained Inequality: Expansion, Reform and Opportunity in Irish Education, 1921-75. Sociology of Education, v. 66, n. 1, p. 41-62, 1993.
RIBEIRO, Carlos Antonio Costa. Classe, raça e mobilidade social no Brasil. Dados, v. 49, p. 833-873, 2006. SALATA, André. Race, class and income inequality in Brazil: a social trajectory analysis. Dados, v. 63, n. 3,
e20190063, 2020.
SILVA, Nelson do Valle. Expansão escolar e estratificação educacional no Brasil. In: HASENBALG, Carlos; SILVA, Nelson do Valle. Origens e destinos: desigualdades sociais ao longo da vida. Rio de Janeiro: Topbooks, 2003. p. 105-146.
SILVA, Nelson do Valle; HASENBALG, Carlos. Recursos familiares e transições educacionais. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 18, supl., p. S67-S76, 2002
WRIGHT, Erik Olin. Análise de classe: abordagens. Editora Vozes Limitada, 2018.
Vide Campo Observação
Forma de avaliação:
1. Comentário oral sobre os textos obrigatórios. Para cada aula, alguns participantes da disciplina serão selecionados para efetuar um comentário breve sobre o texto indicado. A seleção dos responsáveis por comentários em cada aula será feita no primeiro dia de aula. 0,0 a 3,0.
2. Escrita de um texto em formato de artigo que discuta as perspectivas teóricas e os resultados empíricos discutidos na disciplina. O texto deverá envolver pelo menos duas das leituras obrigatórias, e poderá envolver o tema de pesquisa do discente. O texto deverá conter entre 10 e 15 páginas. 0,0 a 7,0.
3. A nota final será a somatória simples das notas obtidas pelo estudante em 1 e 2, isto é: entre 0 e 10,0.
4. A nota final será atribuída tendo por referência o documento Declaração Unificada "Equivalência de conceito em notas" da Pró-Reitoria de Pós-graduação da Universidade de São Paulo, da seguinte forma:
8,5 / 10,0 = A
7,0 / 8,4 = B
5,0 / 6,9 = C
Abaixo de 5,0 = Reprovado
Tipo de oferecimento da disciplina: Presencial