Buscar uma síntese e integração para compreender a biologia e evolução da colonialidade animal por meio de um estudo focado com especialistas trabalhando com animais coloniais em diferentes disciplinas e estudantes de Pós-Graduação de nosso programa.
Acreditamos que o tópico da colonialidade animal merece uma atenção especial. Propondo de nos reunirmos a cada dois anos com especialistas que trabalham nos diferentes grupos de organismos coloniais ou fazem pesquisa sobre o tópico em um nível mais teórico, podemos ser capazes de nos aprofundar em questões importantes sobre o assunto. A biologia de organismos clonais foi bem estudada em plantas, protozoários e fungos, mas menos estudada em animais. Precisamos reunir especialistas em diferentes disciplinas para buscar uma síntese e integração para compreender a biologia (fisiologia, ecologia, desenvolvimento, etc.) e evolução (genética da clonalidade, seleção, etc.) da colonialidade animal. Ao longo dos anos, trabalharemos em abordagens teóricas e experimentais para entender as consequências evolutivas e biológicas da colonialidade como história de vida em animais. Por ser um campo pouco estudado da biologia, esperamos que este curso construa uma reputação e sirva como um local para reunir os melhores especialistas que estudam a evolução da colonialidade animal.
Aproveitando-se da grande diversidade marinha da região de São Sebastião, este curso tem como objetivo atrair estudantes e professores interessados em estudos da colonialidade animal em filos animais marinhos. O CEBIMar foi escolhido pelo fácil acesso à diversidade de invertebrados marinhos local e boa infraestrutura para aulas teórico-práticas, além da proximidade institucional com o IB-USP.
O curso permite acumular de maneira aditiva conhecimentos de metodologias experimentais ou técnicas especializadas em estudos da colonialidade animal. Esta base de informação teórico-prática possibilitará o aprofundamento dos estudos relativos a aspectos fundamentais dos ciclos de vida das espécies marinhas coloniais mais comuns do Atlântico Sul brasileiro. Esse processo deve gerar gradativamente uma massa crítica local de pesquisadores altamente capacitados em explorar e difundir a pesquisa sobre a colonialidade animal.
A primeira parte do curso incluirá leituras da literatura primária, seguidas de discussões em grupo sobre os seguintes tópicos:
1. Definindo a colonialidade
2. Formas de vida e seleção multinível - Evolução da multicelularidade
3. Consequências evolutivas da colonialidade (especialização, aloreconhecimento, miniaturização, incubação e clonalidade)
4. Modularidade dos organismos coloniais
5. Morfologia funcional das histórias de vida coloniais
6. Genética evolutiva da clonalidade
7. Abordagens teóricas para o estudo da colonialidade
A segunda parte do curso incluirá atividades laboratoriais úmidas e observação / ilustrações de organismos vivos, incluindo:
1. Colonialidade em cnidários
2. Colonialidade em briozoários
3. Colinialidade em tunicados
4. Colonialidade em outros grupos (rotíferos, entoproctos)
5. Colonialidade em esponjas?
6. Colonialidade em outros eucariontes (coanoflagelados, fungos, plantas)
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vide observação
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO:
Os instrutores irão propor uma ou várias perguntas, relacionadas a um grande desafio no estudo da colonialidade, para ser o foco de estudo para cada curso. Por exemplo: Quais são as conseqüências da colonialidade no fitness de um organismo? Por que alguns clados coloniais evoluem na divisão do trabalho, mas não em outros? Quais são as ligações entre modularidade no organismo e plasticidade fenotípica? Os participantes do curso (estudantes e instrutores) deverão coletar os dados, gerar os resultados e escrever um manuscrito, que pretendemos enviar para submissão como resultado do curso.
Antes e durante os primeiros dias do curso, os alunos pesquisarão, lerão e discutirão a literatura relacionada à questão selecionada e fornecerão uma breve proposta sobre como ela espera contribuir para responder à questão proposta (20%). Em seguida, os alunos trabalharão em equipe para coletar os dados (experimentos rápidos, observações in vivo de organismos coloniais, modelos de computador, abordagens teóricas e matemáticas etc.) e gerar os números para o manuscrito proposto (30%). No final do curso, cada equipe apresentará a contribuição correspondente que selecionou para trabalhar, a fim de abordar a questão de estudo do curso. Cada contribuição da equipe será apresentada como uma apresentação oral (20%) e como um texto final a ser incluído no manuscrito (30%).
OBSERVAÇÕES:
Este curso será ministrado integralmente em inglês. O número de vagas está restrito a 14 estudantes pelo espaço disponível no CEBIMAR. Dois a três meses antes da disciplina iremos ter uma seleção dos aplicantes para definir a lista final dos participantes. Para ser selecionados, os estudantes deverão enviar uma justificativa curta (um parágrafo) do beneficio desta disciplina para sua formação. A justificativa deverá ser enviada para o e-mail do professor coordenador ou dentro do formulário de aplicação (para os alunos especiais).