Relações Étnico-Raciais, Educação e Dinâmica Social no Brasil

5965037-3
Pós-Graduação

Origem:

Educação
Educação

Vigência

01/12/2022
01/12/2022
2022-11-25 00:00:00

Carga Horária

3 horas
0 horas
3 horas
30 horas
2
5 semanas

Responsáveis:

Sergio Luiz de Souza
01/12/2022
01/12/2022
01/12/2022
25/11/2022

Andrea Coelho Lastória
01/12/2022
01/12/2022
01/12/2022
25/11/2022



Objetivo Geral:
Discutir e compreender sobre diferentes aspectos que envolvem o tema: Relações Étnico-raciais, Educação e Dinâmica Social no Brasil a partir do compartilhamento de fundamentos conceituais e teóricos pertinentes a estas três dimensões e às conexões existentes entre as mesmas.
Objetivos específicos:
- Discutir e ampliar a compreensão acerca de conceitos necessários ao estudo das relações étnico-raciais: grupos étnicos, relações étnico-raciais, racismo e racismo estrutural, enquanto dimensões dos processos sociais.
- Apreender a avaliar as formas sociais e as dinâmicas resultantes das lógicas autoritárias estabelecidas no Brasil, ao longo do período republicano (inclusive na atualidade).
- Apresentar e analisar as produções e realizações das populações negras na diáspora afro-brasileira, no sentido de explicitar o protagonismo destas populações em seus diálogos com/no contexto discriminatório brasileiro.


Para a ampliação dos entendimentos acerca do fazer pedagógico, desde a compreensão dos processos educativos distintos, presentes em múltiplos espaços sociais e institucionais, assim como as possibilidades do sistema educacional oficial brasileiro, é fundamental ter-se a dimensão das relações sociais que os envolvem e com as quais dialogam diferentes faces dos sistemas de ensino em nosso país. Nesta ótica, entender a multiplicidade de atores sociais no âmbito das diferenças das classes sociais e da diversidade de grupos sociais (de gênero, étnico-raciais, etc.), em sua complexidade de relações e interconexões, tanto no plano cotidiano quanto no que tange aos aparatos institucionais, é condição basilar.
Neste sentido, propomos, como perspectiva, tecer discussões e análises a respeito das relações étnico-raciais e da cultura e história das populações negras no Brasil tendo em mente as urdiduras do poder em nosso país, pensando nestas relações em diferentes dimensões. Desta forma, por um lado, procuramos evidenciar as condições de subalternização e opressão estabelecidas na sociedade em relação às populações negras, como também trazer compreensões a respeito destes processos sociais. Por outro lado, se faz necessário expor as atuações destas populações na direção de perceber e analisar a dimensão das formas de resistência e dos caminhos próprios que negros e negras têm constituído ao longo de nossa formação societária para subversão e superação da lógica racista e das diferentes facetas da opressão e da exclusão. É na esteira destas compreensões e análises que situamos os processos educacionais em geral e o sistema de ensino oficial no Brasil, como âmbitos a serem avaliados enquanto espaços sociais e institucionais com grande relevância e centralidade nas tessituras das relações sócio-étnico-raciais brasileiras.
Nesta direção, apresenta-se de grande relevância discutir os sistemas de ensino enquanto locus de disputas e alianças entre os diferentes sujeitos sociais e, como uma questão central desta disciplina, surge também, desta maneira, discutir e apreender as questões diversas que envolvem os processos educacionais e sistemas educacionais como campos de possibilidades, que em seu devir podem concretizar-se tanto enquanto espaços de reprodução do racismo e outras formas de opressão quanto como espaços de geração de autonomia e fortalecimento da alteridade e da diversidade. Espaços propícios ao fortalecimento de patrimônios histórico-culturais que compõem os referenciais importantes para os diferentes grupos sociais na construção de identidades positivas e geração de atuações e projetos políticos autônomos.
Outro aspecto importantíssimo diz respeito a conhecermos mais e com acuidade científica as formas de protagonismo, de atuação política, desenvolvidas pelos afro-brasileiros e, também, compreender com maior embasamento princípios socioculturais componentes das particularidades das práticas políticas-socioculturais das populações da diáspora negra no Brasil.


Relações étnico-raciais e cultura e história das populações negras no Brasil; processos de ensino e sistemas educacionais como campos de possibilidades, espaços de reprodução do racismo e outras formas de opressão; processos educacionais enquanto espaços de geração de autonomia e fortalecimento da alteridade e da diversidade; protagonismo e atuações políticas desenvolvidas pelos afro-brasileiros; princípios socioculturais componentes das particularidades de formas societárias e práticas políticas das populações da diáspora negra no Brasil.
Essa disciplina incluirá aulas teóricas, estudo individual e plantão de dúvidas realizados 100% remotamente. As aulas terão duração de 1:30h de duração cada. Elas serão ministradas de forma síncrona utilizando-se o Google Meet. As aulas serão gravadas e disponibilizadas aos estudantes durante o período de oferecimento da disciplina. A plataforma Moodle e-disciplinas da USP será utilizada para organizar materiais e comunicações com os estudantes. A forma de controle da presença será realizada por meio dos dados gerados pelo próprio Google Meet (planilha excell). Os estudantes deverão dispor de acesso a computador pessoal (preferencialmente), tablete ou celular, com câmera e microfone obrigatórios. As avaliações dos estudantes (atividades avaliativas) serão realizadas remotamente e enviadas na plataforma Moodle e-disciplinas da USP, em data definida no cronograma da disciplina.
Acompanhamento, avisos, comunicações serão realizados através da plataforma Moodle e-disciplinas da USP e pelo e-mail institucional.


BARTH, Fredrik. Grupos étnicos e suas fronteiras. In: POUTIGNAT, Philippe e STREIFF-FENART, Jocelyne. Teorias da etnicidade. São Paulo: Edunesp, 1998.
GUSMÃO, Neusa Maria Mendes de. Linguagem, Cultura e Alteridade: Imagens do Outro. Campinas: Faculdade de Educação da UNICAMP. Revista Cadernos de Pesquisa, nº 107, pg 41 – 78, julho de 1999.
BENTO, Maria Aparecida Silva. Branqueamento e branquitude no Brasil. In: CARONE, Iray. & BENTO, Maria Aparecida Silva. Psicologia Social do Racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis, Rj: Vozes, 2007.
CAVALHEIRO, Eliane. Discriminação racial e pluralismo em escolas públicas da cidade de São Paulo. In. MEC/SECAD. Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal nº 10.639/03 / Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005.
SEYFERTH, Giralda. O beneplácito da desigualdade: breve digressão sobre racismo. In: Racismo no Brasil, São Paulo: Editora Peirópolis, ABONG, 2002.
SOUZA, Sérgio Luiz de. (Re)vivências negras: entre batuques, bailados e devoções-práticas culturais e territórios negros no interior paulista (1910-1950), Ribeirão Preto-SP: Edição do Autor, 2007.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
MOORE, Carlos Wedderbun. Novas Bases para o Ensino de História da África no Brasil. In. MEC/SECAD. Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal nº 10.639/03 / Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005.
SILVA, Nelson Fenando Ribeiro. Africanidade e religiosidade: uma possibilidade de abordagem sobre as sagradas matrizes africanas na escola. In. MEC/SECAD. Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal nº 10.639/03 / Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005.
SODRÉ. O terreiro e a cidade: a formação social negro brasileira. Rio de Janeiro: Vozes, 1988. Introdução, Capítulo I (Espaço e Modernidade) e Capítulo IV (Jogo Como Libertação).
SOUZA, Sérgio Luiz de. Conceituando, Cultura, Política, Identidade e dinâmica social (pg. 51 – 86). In: SOUZA, Sérgio Luiz de. Fluxos da Alteridade: Organizações negras e processos identitários no Nordeste Paulista e Triângulo Mineiro (1930 – 1990) Araraquara. 2010. 450 páginas. Tese (Doutorado em Sociologia) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Letras, Araraquara, 2010.
STEPAN, NL. Eugenia no Brasil, 1917-1940. In: HOCHMAN, G., & ARMUS, D., (Orgs). Cuidar, controlar, curar: ensaios históricos sobre saúde e doença na América Latina e Caribe [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2004. Acesso 09 de fevereiro de 2019, em: http://books.scielo.org/id/7bzx4/pdf/hochman-9788575413111.pdf


Vide Campo Observação



Forma de avaliação:
Para avaliação das/os discentes, serão consideradas duas atividades. Uma delas deverá ser realizada, individualmente e a outra, individualmente e/ou em dupla. A primeira refere-se a produção escrita de um comentário pessoal sobre uma das temáticas tratada nas aulas (10% da nota). A segunda refere-se à produção de um texto na forma de um artigo centrado nos conteúdos discutidos durante a disciplina (90% da nota). A composição do referido artigo deve ser baseado em um diálogo entre autoras/es discutidas/os durante a disciplina. Além dos/as autores/as em pauta durante a disciplina, as produções de outros/as autores/as, não diretamente discutidas/os nas aulas, poderão ser incorporados. Esse segundo trabalho, considerado um trabalho final da disciplina, deverá seguir as normas da ABNT.
Conceito A: 9-10
Conceito B: 7-8
Conceito C: 5 -6
Conceito R – abaixo de 5, sem direito a crédito

Aulas teóricas e plantão de dúvida: Google Meet
Materiais de aula: Moodle e-disciplinas da USP
A disciplina será ministrada em Língua Portuguesa
A disciplina é composta por três momentos. Neste sentido, inicialmente, pretendemos discutir conceitos necessários para o estudo das relações étnico-raciais: grupos étnicos, relações étnico-raciais, racismo e racismo estrutural, enquanto dimensões dos processos sociais, sobretudo em sociedades multiétnicas marcadas por intensas assimetrias e desigualdades, como as sociedades das Américas e a sociedade brasileira. Em um segundo momento, apresentaremos e discutiremos desenvolvimentos sócio-históricos que permeiam e também constituem internamente as dinâmicas das relações sócio-étnico-raciais no Brasil, sempre pensadas na interseccionalidade, em conexão e complementaridade, com as relações de classe e as relações de gênero na realidade societária brasileira. Neste momento, o intuito maior consiste em apreender a avaliar as formas sociais e as dinâmicas resultantes das lógicas autoritárias estabelecidas no Brasil, ao longo do período republicano, (desde fins do século XIX adentrando o século XX e estas primeiras duas décadas do século XXI). Autoritarismo este expresso em dimensões do cotidiano e no âmbito institucional, inclusive quanto ao sistema educacional brasileiro, no que tange a entraves no acesso de afro-brasileiros/as e indígenas e, ainda, na difusão de conteúdos e representações sociais fundadas com base em estereótipos e estigmas acerca destas populações. No mesmo escopo, perceber o sistema de ensino e outras instituições enquanto espaços com potencialidades para geração de relações de autonomia e superação das formas de opressão, inclusive desconstrução e superação do racismo e de suas consequências. A terceira e última parte da disciplina constitui-se pela discussão e análise dos fluxos da alteridade, das produções e realizações das populações negras na diáspora afro-brasileira. Esta etapa é relevante no sentido de explicitar o protagonismo das populações negras em seus diálogos com/no contexto discriminatório brasileiro para superação dos limites e restrições a plena vivência de seus direitos, de seu patrimônio histórico-cultural e de referenciais próprios para construção de suas identidades e ações e projetos societários. Superações estas concretizadas em formas societárias e práticas sociopolíticas-culturais que pretendemos abordar.

PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS:
O curso será pautado em aulas expositivas dialogadas, análise e discussão de textos, indicação de leituras para conceituações, problematizações de práticas educativas e exibição de trechos de vídeos e músicas.

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