Estudar as relações estabelecidas pelo sujeito-professor com as práticas culturais de leitura e escrita, considerando suas memórias de sentidos. Conhecer os processos e práticas de letramento do sujeito-professor. Investigar as condições de produção vinculadas aos usos, ao impacto e aos significados dessas práticas, leitura, escrita e letramento, nas histórias de vida e nos processos de formação profissional, visando a análises e reflexões sobre as consequências para a constituição de sua subjetividade e identidade profissional. Identificar e analisar experiências de leitura, de escrita e de letramentos, ressignificadas por futuros professores e por aqueles em exercício no magistério. Discutir propostas práticas para a ampliação do arquivo, interdiscurso e níveis de letramento do sujeito-professor.
As pesquisas atuais sobre formação de professores, principalmente as que se estabelecem na interface Educação- Linguística Aplicada e Educação-Teoria e Análise Linguística, mostram a importância de compreendermos os processos de letramento desse sujeito, bem como as relações que estabelece com a leitura e a escrita, ao longo de sua vida, posto que as implicações decorrentes desses fatores repercutem na elaboração de conhecimentos, na constituição de sua subjetividade, na construção de sua identidade profissional e em seus saberes e práticas pedagógicas.
O reconhecimento – das áreas acima citadas – de que as atualizações na língua são produtos da história social e particular do sujeito assinala que esses processos e práticas (de letramento, de leitura e de escrita) precisam ser pensados para além daquelas concepções que os entendem como "ferramenta pedagógica". Compreendê-los, em sua dimensão sócio- histórica, político-ideológica, cultural, psicanalítica e estética, a partir de um aparato teórico-
metodológico, constituído pelo entrelaçamento da Análise de Discurso Pêcheuxtiana, da teoria Sócio-Histórica do Letramento e dos estudos de pesquisadores da área da Educação – particularmente dos que se detêm nas questões atinentes à formação de professores –, auxilia-nos no entendimento a respeito de como se dá, ou não, a formação do sujeito-leitor, intérprete e autor, nos processos de formação profissional, inicial e continuada. Ocupar essas posições é condição basilar para uma docência, capaz de entender e responder a algumas das exigências da sociedade contemporânea, no qual circulam diferentes linguag ens e variadas formas de expressão, quase sempre interpenetradas e muitas vezes, não percebidas em seu funcionamento. Questioná-las e produzir gestos interpretativos que não apenas reproduzam enunciados vigentes requer que o sujeito-professor conheça suas histórias de leitura, escrita e letramento. A disciplina que ora propomos oferece perspectivas de trabalho capazes de fomentar pesquisas e reflexões que problematizem os discursos e os sentidos sobre as questões acima.
1. As relações com as práticas sociais de leitura e de escrita: histórias, memórias e sentidos para professores.
2 - Letramento: diferentes abordagens.
3. O letramento enquanto processo sócio-histórico: o ponto de vista discursivo, psicanalítico e cultural.
4. Heterogeneidade de práticas discursivas letradas nos processos profissionais de formação de professores: identificação, questionamentos e análise.
5. Práticas de textualização na formação profissional de professores: discutindo os lugares de leitor e de intérprete.
6 Conceitos de subjetividade.
7. Conceitos de identidade.
8. Articulação entre letramento, autoria, subjetividade e identidade.
9. Escrituras de si: discursos e subjetividade do professor em formação.
10.Formação profissional e memória do dizer: arquivo, interdiscurso e ampliação do nível de letramento
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Vide Campo Observação
Forma de avaliação:
Elaboração de resenhas dos textos. Vale = 2,0
Apresentação de seminários . Vale =4.0
Entrega de um artigo científico- Vale =4.0
A = 9.0 / 10.0
B = 7.0 / 8.9
C= 5.0 /6.9
R= 4,9/0.0
* Se o aluno entregar todas as tarefas alcançará o conceito A.
* Entregas parciais das atividades terão os conceitos B ou C.
* A não entrega das atividades implica reprovação.