Esta disciplina tem, como objetivo principal, fornecer o embasamento crítico para a apreciação da Biologia Comparada como disciplina responsável pela descrição da diversidade biológica. Para isso, serão explorados os fundamentos históricos, conceituais e filosóficos de subdisciplinas que compõem a Biologia Comparada, especialmente a taxonomia e a morfologia comparada. Serão discutidos os conceitos subjacentes à Biologia Comparada, particularmente aqueles necessários à compreensão da importância das relações de homologia e relações filogenéticas na construção de sistemas biológicos eficientes. Serão exploradas a motivação de se realizar pesquisas comparativas em biologia, bem como as premissas de estudos em sistemática e biologia evolutiva e a necessidade de uma base filogenética para a interpretação de padrões, evolução de grupos e caracteres.
O número de estudos utilizando hipóteses filogenéticas aumentou consideravelmente nas últimas décadas, embasando pesquisas de abordagem comparada e evolutiva. O domínio dos conceitos mais fundamentais para apreciação e emprego da Biologia Comparada é crucial a qualquer investigação biológica básica ou aplicada, mas as discussões necessárias para tanto nem sempre têm acompanhado os avanços metodológicos. Nesta disciplina será apresentado um panorama em que a Biologia Comparada e suas subdisciplinas (particularmente a morfologia comparada e a taxonomia) fornece as bases integrativas para avanços no conhecimento da diversidade biológica e interpretações sobre a evolução de qualquer característica - seja bioquímica, fisiológica, morfológica, etológica ou ecológica. Os conceitos gerais de homologia e de táxon, e qualquer de suas instâncias, constituem fundamentos para uma descrição da complexidade biológica em padrões cientifica- e humanamente tratáveis. As histórias da anatomia e da taxonomia, como ciências, são permeadas por personagens e eventos que não reconhecem as barreiras entre elas, mostrando-se em grande medida como uma história única. Este curso consistirá de uma exploração e uma avaliação crítica dos fundamentos conceituais da Biologia Comparada, discussão que incluirá um embasamento histórico-filosófico sobre o tema, como também a consideração de propostas hoje disponíveis para este ramo da pesquisa biológica.
Papel dos morfologistas para o desenvolvimento do arcabouço teórico da morfologia e da taxonomia biológica: os gregos; o idealismo alemão e Goethe; os séculos XVIII e XIX na França: Lamarck, Cuvier, Geoffroy St. Hilaire e Serres; Richard Owen; Ernst Haeckel; a "Síntese Evolutiva" e desenvolvimentos posteriores ao longo do século XX. Tipologia, essencialismo e o "Essentialism Story". Análises com ênfase em forma (estrutura) ou em função. Definições de “morfologia”; holomorfia hennigiana e representação das dimensões (eixos temporais em escalas distintas) da holomorfia. História da pesquisa morfológica e seu impacto sobre o desenvolvimento das ciências biológicas; sistemas naturais classificatórios; tipologismo e idealismo. O surgimento e desenvolvimento dos conceitos de “homologia” e a maturidade das ciências morfológicas. A sistemática filogenética como estudo analítico da morfologia; a biologia do desenvolvimento e o evo-devo como ciências experimentais da morfologia. Estudo discreto, contínuo e as dimensionalidade da morfologia; morfometria e contribuições para estudo da forma. Morfologia teórica e a teoria da morfologia e das formas possíveis e realizadas. Hereditariedade e investigações entre relações de genótipo e fenótipo: genética clássica, genética quantitativa, genômica. Epigenética e eco-evo-devo. Classificação de tipos naturais segundo uma interpretação filosófica embasada no realismo científico. Tipos naturais e o conceito de conjuntos homeostáticos de propriedades (HPC): espécies (conjunto integrado) para homologias (peças integradas e integradoras em organismos). Critérios de otimização e reconstrução da evolução de caracteres. Cadeias de Markov e aplicação de outras abordagens probabilísticas para estudos da evolução fenotípica. Classificações biológicas, hierarquias, reconhecimento e descrição da biodiversidade. Relações entre definições de taxonomia, sistemática e biologia filogenética. Códigos internacionais de nomenclatura e as principais regras garantidoras da estabilidade e da universidade dos nomes de táxons. Tipificação, categorias e níveis taxonômicos: seus significados, interpretações possíveis, limitações e justificativas. Filosofia da linguagem: taxonomia como sistema linguístico para referenciamento eficiente da biodiversidade.
AGASSIZ, L. [ed. E.Lurie]. 2004. Essay on Classification. Dover, Mineola. ALBERT, V.A., Ed. (2006) Parsimony, Phylogeny, and Genomics, Oxford Univ. Press. AMUNDSON, R. 2005. The Changing Role of the Embryo in Evolutionary Thought. Cambridge Univ. Press, Cambridge. APPEL, T.A. 1987. The Cuvier-Geoffrey Debate: French Biology in the Decades before Darwin. Oxford Univ. Press, Oxford. ASMA, S.T. 2001. Stuffed Animals and Pickled Heads: The Culture of Natural History Museums. Oxford Univ. Press, Oxford. AX, P. 1987. The Phylogenetic System: a Systematization of Organisms on the Basis of their Phylogenesis. John Wiley & Sons, Chichester. BROOKS, D.R. & D.A. MCLENNAN (2002) The Nature of Diversity: An Evolutionary Voyage of Discovery. University Of Chicago Press, Chicago. CROWSON, R.A. 1970. Classification and Biology. Athernon, New York. DARWIN, C.R. 1859. On the Origin of Species. John Murray, London. EGGLETON, P. & R.I. VANE-WRIGHT, R.I. [Eds.] (1994) Phylogenetics and Ecology. Academic Press. ELDREDGE, N. & J. CRACRAFT, 1980. Phylogenetic Patterns and the Evolutionary Process. Method and Theory in Comparative Biology. Columbia Univ. Press, New York. ERESHEFSKY, M. 2001. The Poverty of the Linnean Hierarchy. A Philosophical Study of Biological Taxonomy. Cambridge Univ. Press, Cambridge. FELSENSTEIN, J. (2004) Inferring Phylogenies. Sinauer. HALL, B.K. (2000) Homology: The Hierarchical Basis of Comparative Biology. Academic Press, San Diego. HAMILTON, A. Ed. 2013 The Evolution of Phylogenetic Systematics (Series: Species and Systematics). University of California Press. HENNIG, W. 1966. Phylogenetic Systematics. Univ. Illinois Press, Urbana. GOETHE, J.W. 2009. The Metamorphosis of Plants. The MIT Press. GRANDE, L. & O. RIEPPEL, Eds. 1994. Interpreting the Hierarchy of Nature. Academic Press. HENNIG, W. (1966) Phylogenetic Systematics. University of Illinois Press. HENNIG, W. 1981. Insect Phylogeny. John Wiley & Sons, New York. HINE, C. 2008. Systematics as Cyberscience: Computers, Change, and Continuity in Science. MIT Press, Cambridge.HILLIS, D. M.; C. Moritz & B.K. Mable, Eds. (1996) Molecular Systematics (2a Ed.) Sinauer. HODKINSON, T.R. & J.A.N. PARNELL, Eds. (2007) Reconstructng the Tree of Life. Taxonomy and Systematics of Species Rich Taxa. The Systematics Association / CRC Press. HULL, D.L. 1988. Science as a Process. An Evolutionary Account of the Social and Conceptual Development of Science. Univ. Chicago Press, Chicago. KNAPP, S. & Q. WHEELER, Eds. 2009. Letters to Linnaeus. Linnaean Soc., London. KRIPKE, S.A. 1972. Naming and Necessity. Harvard Univ. Press, Cambridge. KNOWLES, L.L. & L.S. KUBATKO, Eds. (2010) Estimating Species Trees. Practical and Theoretical Aspects. Wiley-Blackwell. LARSON, J.L. 1994. Interpreting Nature: The Science of Living Form from Linnaeus to Kant. John Hopkins Univ. Press, Baltimore. LLORENTE-BOUSQUETS, J. & I. LUNA-VEGA. 1994. Taxonomía Biológica. Univ. Nac. Autónoma México (Fondo de Cultura Económica), México. LOSOS, J.B. 2009 Lizards in an Evolutionary Tree: Ecology and Adaptive Radiation of Anoles (Series: Organisms and Environments). University of California Press. LOVEJOY, A.O. 1936. The Great Chain of Being: A Study of the History of an Idea. Harvard Univ. Press, Cambridge. MAYR, E. 1969. Principles of Systematic Zoology. Tata McGraw-Hill Publ. Co., Bombay-New Delhi. MELVILLE, R.V. 1995. Towards Stability in the Names of Animals. A History of the International Commission on Zoological Nomenclature 1895–1995. International Commission of Zoological Nomenclature, London. MINELLI, A. 1993. Biological Systematics: The State of the Art. Chapman & Hall, London. MINELLI, A., L. BONATO & G. FUSCO, eds. 2008. Updating the Linnean Heritage: Names as Tools for Thinking about Animals and Plants (Zootaxa Special Vol. 1950). Magnolia Press, Auckland. NELSON, G. & N. PLATNICK, 1981. Systematics and Biogeography: Cladistics and Vicariance. Columbia Univ. Press, New York. NYHART, L.K. 1995. Biology Takes Form: Animal Morphology and the German Universities, 1800–1900. Chicago Univ. Press, Chicago. OGILVIE, B.W. 2006. The Science of Describing. Natural History in Renaissance Europe. Univ. Chicago Press, Chicago. OWEN, R. (2008) On the Nature of Limbs: A Discourse. University Of Chicago Press. PANCHEN, A.L. 1992. Classification, Evolution, and the Nature of Biology. Cambridge Univ. Press, Chicago. PAPAVERO, N., ed. 1994. Fundamentos Práticos de Taxonomia Zoológica. Editora UNESP, São Paulo. PAPAVERO, N. & J. LLORENTE-BOUSQUETS, 1993-2006. Principia Taxonomica: Una Introducción a los Fundamentos Lógicos, Filosóficos y Metodológicos de las Escuelas de Taxonomía Biológica (Vols. I-IX). Univ. Nac. Autónoma México (Coordinación de Serv. Edit.), México. RICHARDS, R.A. 2010. The Species Problem: A Philosophical Analysis. Cambridge Univ. Press (Studies in Philosophy and Biology), Cambridge. RIEPPEL, O.C. 1988. Fundamentals of Comparative Biology. Birhauser Verlag, Basel. RITVO, H. 1997. The Platypus and the Mermaid and Other Figments of the Classifying Imagination. Harvard Univ. Press, Cambridge. RUSSELL, E.S. 1914. Form and Function. A Contribution to the History of Animal Morphology. Murray, London. SCHMITT, M. (2013) From Taxonomy to Phylogenetics Life and Work of Willi Hennig. Brill. SCHUH, R.T. & A.V.Z. BROWER, 2009. Biological Systematics. Principles and Applications. Cornell Univ. Press, Ithaca. SIMPSON, G.G. 1961 Principles of Animal Taxonomy. Columbia Univ. Press, New York. SCOTLAND, R.W.; D.J. SIEBERT & D.M. WILLIAMS, Eds. (1994) Models in Phylogeny Reconstruction. The Systematics Association. SCOTLAND, R. & R.T. PENNINGTON [Eds.] (2000) Homology and Systematics: Coding Characters for Phylogenetic Analysis. CRC Press, London. SNEATH, P.H.A. & R.R.SOKAL, 1973. Numerical Taxonomy. W.H. Freeman & Co., San Francisco. SOBER, E. (1988) Reconstructing the Past. MIT Press. STEVENS, P.F. 1994. The Development of Biological Systematics. Antoine-Laurent de Jussieu, Nature, and the Natural System. Columbia Univ. Press, New York. WAGNER, G.P., Ed. (2001) The Character Concept in Evolutionary Biology. Academic Press. WAINWRIGHT, P.C. & S.M.REILLY, Eds. 1994 Ecological Morphology: Integrative Organismal Biology. University Of Chicago Press. WHEELER, Q.D., ed. 2008 The New Taxonomy. CRC Press, The Systematics Association, Boca Raton. WILEY, E.O. & B.S. LIEBERMANN (2011) Phylogenetics: The Theory and Practice of Phylogenetic Systematics (2a Ed.). Wiley-Blackwell. WINSOR, M.P. 1976 Starfish, Jellyfish, and the Order of Life. Issues in Nineteenth-Century Science. Yale Univ. Press, 228 p. WINSOR, M.P. 1991. Reading the Shape of Nature. Comparative Zoology at the Agassiz Museum. Chicago Univ. Press, Chicago. WINSTON, J.E. Describing Species. Practical Taxonomic Procedure for Biologists. Columbia Univ. Press, New York. WILLIAMS, D.M. & M.C. EBACH, 2008. Foundations of Systematics and Biogeography. Springer, New York. WILLIAMS, D.M. & P.L. FOREY, Eds. (2004) Milestones in Systematics, The Systematics Association. WIENS, J.J., Ed. (2000) Phylogenetic Analysis of Morphological Data. Smithsonian Institution Press.
Textos selecionados dos periódicos: Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics; Biology & Philosophy, Bionomina, The Botanical Review, Cladistics; Evolution; Invertebrate Systematics; Journal of Molecular Evolution; Molecular Biology and Evolution; Molecular Phylogenetics and Evolution; Nature; Philosophical Transactions of the Royal Society; PLOS Biology; Proceedings of the Royal Society; Science; Systematic Biology (incluindo Systematic Zoology); Systematic Botany; Trends in Ecology & Evolution; Trends in Genetics; Zootaxa; entre outros. Anualmente, novas publicações pertinentes são incluídas.
Códigos de nomenclatura taxonômica: International Association for Plant Taxonomy (2006) International Code of Botanical Nomenclature (Vienna Code); online: http://ibot.sav.sk/icbn/main.htm. The International Committee on Bionomenclature (1997) Draft BioCode: http://www.bgbm.org/iapt/biocode/. International Commission on Zoological Nomenclature (1999) International Code of Zoological Nomenclature (4a ed.); online: http://www.iczn.org/iczn/index.jsp CANTINO, P.D.; K. de QUEIROZ, Eds. 2007. International Code of Phylogenetic Nomenclature, Versão 4b; online: http://www.ohio.edu/phylocode/
Seminários (peso 3), relatórios de atividades práticas (peso 3), prova escrita (peso 3) e participação ativa em discussões (peso 1).